quinta-feira, 3 de maio de 2012

                                                       A GEODIVERSIDADE



                                              Fonte: -http://www.youtube.com/watch?v=i-H0a0gYGls&feature=related
O Homem  que no seu avançado estado de evolução da matéria, deu razão à voz da natureza, tem, acima de si, a sociedade que lhe impõe ética e estabelece regras no uso que faz deste vasto, mas limitado, condomínio… (José Brilha, 2005)


O tema da conservação da natureza sempre foi um tema que preocupou o Homem, desde tempos remotos. Embora este tema se encontre normalmente mais associado a biodiversidade, a verdade e que com o aumento do conhecimento do território têm sido identificados locais de interesse geológico, por diversos motivos (cientifico, pedagógico, raridade, etc.), e verifica-se assim a necessidade de se fazer uma inventariação e posterior preservação destes locais.

Segundo a definição da Royal Society for Nature Conservation do Reino Unido, a Geodiversidade consiste na variedade de ambientes geológicos, fenómenos e processos ativos que dão origem a paisagens, rochas, minerais, fósseis, solos e outros depósitos superficiais que são o suporte para a vida na terra.
De acordo com Gray (2004), o termo terá surgido por ocasião da conferência de Malvern, sobre a Conservação Geológica e Paisagística, realizada em 1993 no Reino Unido.
Salienta-se que o primeiro livro dedicado a estra temática foi publicado em 2004 e designa-se por Geodiversity: valuing and conserving abiotic nature, de Murray Gray – Londres.
O Mineral Information Institute , USA, refere que em média por cada americano nascido, ele consumirá em toda a sua vida de cerca de 1680 ton de minerais.


                                                              Fonte: Google images

  A Geoconservação pressupõe a necessidade derivada de um acto de proteger e conservar algo a que se lhe atribui valor, a variadíssimos domínios.
Segundo Gray (2004) esse valor da Geodiversidade, assenta nas propostas que envida e que se situam ao nível intrínseco, cultural, estético, económico, funcional, científico e educativo.
Agora segundo Sharples (2002), a Geoconservação terá como objectivo primeiro a preservação da diversidade natural – ou geodiversidade, de aspectos e processos geológicos, geomorfológicos e do solo, mantendo a sua evolução natural, sem a influência antropocêntrica. No sentido mais amplo poderemos falar em objectivos de utilização e gestão sustentáveis em que se englobam todos os recursos geológicos.

Quanto ao Património Geológico, tenhamos em conta que no âmbito da geoconservação, ocorrem episódios estratégicos que permitem a conservação de ocorrências geológicas que possuem inegável valor científico, pedagógico, cultural, turístico ou outros a que dominamos geossítios. Estas ocorrências, ou o seu conjunto, configuram implicitamente o que denominamos por Património Geológico.




Fonte: Google images
No sec. XIX, com a revolução industrial, verificou-se um aumento da exploração de recursos e de transformação de solos. Foi nesta altura, e pela primeira vez, que se sentiu a verdadeira necessidade de defender a natureza das actividades humanas. Esta tomada de consciência conduziu a um movimento mundial de criação de Parques Nacionais, iniciada em 1872 pelos EUA com o Parque Nacional de Yellowstone.

Tal como no resto do Mundo, em Portugal, as primeiras medidas de proteção da Natureza surgem com um caracter utilitário que esta ligado a criação das primeiras medidas de proteção.

Francisco Flores foi, em 1939, o autor do primeiro texto importante relativo a proteção da Natureza em Portugal, no qual apresentou uma perspectiva holística no que respeita a Proteção da Natureza, considerando a necessidade de proteger tanto valores biológicos como geológicos (Brilha, 2005). Em 1948 é criada a Liga para a Proteção da Natureza (LPN). Apesar dos geólogos terem estado envolvidos, desde a primeira hora, na criação da LPN, o certo é que os resultados práticos ao nível da conservação do Património Geológico nao são muito visíveis.


A análise de trabalhos publicados sobre a Conservação da Natureza em Portugal nas décadas de 60 e 70 do seculo XX, mostra uma quase ausência da componente geológica; infelizmente esta tendência prolongou-se até finais do mesmo seculo (Brilha, 2005). Apesar desta insensibilidaderelativamente aos aspectos geológicos, no Boletim Informativo da LPN (no7, nova serie de Janeiro de 1965), surge, uma noticia, onde se coloca a possibilidade da criação da primeira reserva geológica em Portugal.

Apesar, desta temática ter sido sempre abordada através da criação de áreas protegidas, nomeadamente no que diz respeito   a biodiversidade, os aspectos geológicos nunca mereceram um especial destaque na legislação portuguesa. A  criação e   gestão de áreas protegidas encontra-se regulamentada                                                      
no Dec. Lei no142/2008, de 24 de Julho, integrando a Rede Nacional de         Fonte: Google images    
Áreas Protegidas (RNAP).

                           QUADRO REFERÊNCIA – EVOLUÇÃO DA GEODIVERSIDADE


AUTORES
ANO
TERMO/DESIGNAÇÃO
DESCRITIVO
Kevin Kierman
1980
Land from Diversity
Geomorphic Diversity
Debruça s/Natureza  Tasmânia-Austrália
Sharples
1993
Biodiversity
Debruça s/Natureza  Tasmânia-Austrália
Kiernan
1994 1996 1997

Geodiversity
Natureza  Tasmânia
Utilizando o termo Geodiversity
Dixon
1995 1996

Geodiversity
Estudos Geomorfoligia - Tasmânia
Burnet et al.
Nichols et al.
1998
Geomorphological heterogeneity
Textos publicados nos USA de pendor sobre o tema
Joahansson
2000
Geodiversity Diversity of geological and geomorphological phenomena
Países Nórdicos – Estudo da geodiversidade desses países
Stanley
2001
The link between people, landscapes and culture
Vai mais longe em 2002 ao afirmar que biodiversity faz parte da geodiversity.
Gray
2004
Geodiversity: valuing and conserving abiotic nature
Estudo – Depart. Geografia da Universidade de Londres. 1º livro dedicado a esta temática.
Brilha
2004
2005
A Geologia, os Geólogos
Património e Conservação
Comunicação e sociedade
Conservação da Natureza






















Referências:

Brilha J. (2005) – Património Geológico e Geoconservação – A Conservação da Natureza e Sua Vertente Geológica
Brilha J. (2004) – A Geologia, os Geólogos e o Manto da Invisibilidade. Comunicação e Sociedade, nº 6.
Gray M. (2004) – Geodiversity: valuing and conserving abiotic nature. Jonh Wiley and Sons, Chicester, England.

Armando Santinhos    nº1102695

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