segunda-feira, 14 de maio de 2012


    AMEAÇAS E ESTRATÉGIAS DE GEOCONSERVAÇÃO
                                                             Fonte:http://www.google.com/imgres?um=1&hl

O aspecto robusto da maior parte das rochas confere aos objectos geológicos uma aparência de resistência e durabilidade. Embora esta ideia possa ser correcta em certas situações, outras há que revelam a grande fragilidade destes objectos naturais (Brilha, 2005).
Existe uma tendência em pensar os elementos da biodiversidade como mais frágeis e vulneráveis às ameaças, especialmente as provocadas pelas atividades humanas, enquanto a geodiversidade é vista como robusta, estável e livre de qualquer perturbação antrópica. Esta é uma simplificação grosseira, pois muitas das ameaças à geodiversidade são comparáveis aos que a biodiversidade enfrenta.
                                                                 Fonte: http://pensaraterra.blogspot.pt/2007/02/primeiro-geoparque-portugus.html
Pereira (2006) afirma que o património geológico é constituído por locais e objetos geológicos que, pelo seu conteúdo, devem ser valorizados e conservados, visto que eles são testemunhos da história da Terra e possuem um grande valor diante da percepção humana. “[...] é um recurso documental de caráter científico, de conteúdo importante para o conhecimento e estudo da evolução dos processos geológicos e que constitui o registro da totalidade da evolução do planeta” (AZEVEDO, 2007, p. 9).
A promoção e conservação da geodiversidade são hoje um grande desafio para a comunidade das Ciências da Terra. Os fósseis, os minerais, o relevo e as paisagens são produtos e registos da evolução geológica do planeta e são partes integrantes do mundo natural, tendo um grande impacto na sociedade, necessitando urgentemente serem conservados.
Estratégias de conservação, ainda sob (Brilha, 2005), devem ser agrupadas segundo etapas sequenciais situadas da forma que se segue: - Inventariação, Quantificação, Classificação, Conservação, Valorização e, naturalmente, a Monitorização.

                                                Fonte: http://www.google.com/imgres?um=1&hl=pt-PT&biw=1280&bih
                                                              
 Segundo o mesmo autor, as ameaças à geodiversidade situam-se maioritariamente no campo antropogénico, da qual deriva uma série de situações que grosso modo podemos identificar no âmbito da Exploração de recursos geológicos, do Desenvolvimento de obras e estruturas, na Gestão das bacias hidrográficas, na Florestação e desflorestação e agricultura, nas Actividades militares, nas Actividades Recreativas e turísticas, na Colheita de amostras para fins não científicos e, naturalmente, na Iliteracia cultural, pois que esta se situa na base de todas as anteriores.
Brilha (2005) faz uma importante consideração quando afirma que a geoconservação não pretende proteger toda a geodiversidade, mas apenas os elementos com valores científico, cultural e educativo superlativo, ou seja, o património geológico. Pereira (2010) conceitua geoconservação no sentido amplo como a conservação de toda a geodiversidade e geoconservação no sentido restrito como as estratégias adotadas para conservar o património geológico. Segundo Azevedo (2007), em se tratando de património geológico o ideal é a adoção de práticas conservacionistas em detrimento das preservacionistas. As primeiras permitem o uso do património, pois admitem que ele esteja sujeito à dinâmica natural, enquanto o segundo considera que, para que ocorra a preservação efetiva, este deve ser mantido intacto, porém esse tipo de postura pode levar à destruição uma vez que a falta de condições financeiras pode inviabilizar a manutenção dos mesmos.
                                                            

                                             Fonte: http://www.google.com/imgres?start=95&hl=pt

                                                            
Referências:
BRILHA J. (2005) – Património Geológico e Geoconservação – A Conservação da Natureza Na Sua Vertente Geológica, 2005
LARYSSA SHEYDDER de OLIVEIRA LOPES (Geógrafa – Mestranda em DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE) – Príncípios e Estratégias em Geoconservação. Disponível em http://www.observatorium.ig.ufu.br/pdfs/3edicao/n7/5.pdf, consultado em 10-05-2012

Armando Santinhos – Nº 1102695

quinta-feira, 3 de maio de 2012

                                                       A GEODIVERSIDADE



                                              Fonte: -http://www.youtube.com/watch?v=i-H0a0gYGls&feature=related
O Homem  que no seu avançado estado de evolução da matéria, deu razão à voz da natureza, tem, acima de si, a sociedade que lhe impõe ética e estabelece regras no uso que faz deste vasto, mas limitado, condomínio… (José Brilha, 2005)


O tema da conservação da natureza sempre foi um tema que preocupou o Homem, desde tempos remotos. Embora este tema se encontre normalmente mais associado a biodiversidade, a verdade e que com o aumento do conhecimento do território têm sido identificados locais de interesse geológico, por diversos motivos (cientifico, pedagógico, raridade, etc.), e verifica-se assim a necessidade de se fazer uma inventariação e posterior preservação destes locais.

Segundo a definição da Royal Society for Nature Conservation do Reino Unido, a Geodiversidade consiste na variedade de ambientes geológicos, fenómenos e processos ativos que dão origem a paisagens, rochas, minerais, fósseis, solos e outros depósitos superficiais que são o suporte para a vida na terra.
De acordo com Gray (2004), o termo terá surgido por ocasião da conferência de Malvern, sobre a Conservação Geológica e Paisagística, realizada em 1993 no Reino Unido.
Salienta-se que o primeiro livro dedicado a estra temática foi publicado em 2004 e designa-se por Geodiversity: valuing and conserving abiotic nature, de Murray Gray – Londres.
O Mineral Information Institute , USA, refere que em média por cada americano nascido, ele consumirá em toda a sua vida de cerca de 1680 ton de minerais.


                                                              Fonte: Google images

  A Geoconservação pressupõe a necessidade derivada de um acto de proteger e conservar algo a que se lhe atribui valor, a variadíssimos domínios.
Segundo Gray (2004) esse valor da Geodiversidade, assenta nas propostas que envida e que se situam ao nível intrínseco, cultural, estético, económico, funcional, científico e educativo.
Agora segundo Sharples (2002), a Geoconservação terá como objectivo primeiro a preservação da diversidade natural – ou geodiversidade, de aspectos e processos geológicos, geomorfológicos e do solo, mantendo a sua evolução natural, sem a influência antropocêntrica. No sentido mais amplo poderemos falar em objectivos de utilização e gestão sustentáveis em que se englobam todos os recursos geológicos.

Quanto ao Património Geológico, tenhamos em conta que no âmbito da geoconservação, ocorrem episódios estratégicos que permitem a conservação de ocorrências geológicas que possuem inegável valor científico, pedagógico, cultural, turístico ou outros a que dominamos geossítios. Estas ocorrências, ou o seu conjunto, configuram implicitamente o que denominamos por Património Geológico.




Fonte: Google images
No sec. XIX, com a revolução industrial, verificou-se um aumento da exploração de recursos e de transformação de solos. Foi nesta altura, e pela primeira vez, que se sentiu a verdadeira necessidade de defender a natureza das actividades humanas. Esta tomada de consciência conduziu a um movimento mundial de criação de Parques Nacionais, iniciada em 1872 pelos EUA com o Parque Nacional de Yellowstone.

Tal como no resto do Mundo, em Portugal, as primeiras medidas de proteção da Natureza surgem com um caracter utilitário que esta ligado a criação das primeiras medidas de proteção.

Francisco Flores foi, em 1939, o autor do primeiro texto importante relativo a proteção da Natureza em Portugal, no qual apresentou uma perspectiva holística no que respeita a Proteção da Natureza, considerando a necessidade de proteger tanto valores biológicos como geológicos (Brilha, 2005). Em 1948 é criada a Liga para a Proteção da Natureza (LPN). Apesar dos geólogos terem estado envolvidos, desde a primeira hora, na criação da LPN, o certo é que os resultados práticos ao nível da conservação do Património Geológico nao são muito visíveis.


A análise de trabalhos publicados sobre a Conservação da Natureza em Portugal nas décadas de 60 e 70 do seculo XX, mostra uma quase ausência da componente geológica; infelizmente esta tendência prolongou-se até finais do mesmo seculo (Brilha, 2005). Apesar desta insensibilidaderelativamente aos aspectos geológicos, no Boletim Informativo da LPN (no7, nova serie de Janeiro de 1965), surge, uma noticia, onde se coloca a possibilidade da criação da primeira reserva geológica em Portugal.

Apesar, desta temática ter sido sempre abordada através da criação de áreas protegidas, nomeadamente no que diz respeito   a biodiversidade, os aspectos geológicos nunca mereceram um especial destaque na legislação portuguesa. A  criação e   gestão de áreas protegidas encontra-se regulamentada                                                      
no Dec. Lei no142/2008, de 24 de Julho, integrando a Rede Nacional de         Fonte: Google images    
Áreas Protegidas (RNAP).

                           QUADRO REFERÊNCIA – EVOLUÇÃO DA GEODIVERSIDADE


AUTORES
ANO
TERMO/DESIGNAÇÃO
DESCRITIVO
Kevin Kierman
1980
Land from Diversity
Geomorphic Diversity
Debruça s/Natureza  Tasmânia-Austrália
Sharples
1993
Biodiversity
Debruça s/Natureza  Tasmânia-Austrália
Kiernan
1994 1996 1997

Geodiversity
Natureza  Tasmânia
Utilizando o termo Geodiversity
Dixon
1995 1996

Geodiversity
Estudos Geomorfoligia - Tasmânia
Burnet et al.
Nichols et al.
1998
Geomorphological heterogeneity
Textos publicados nos USA de pendor sobre o tema
Joahansson
2000
Geodiversity Diversity of geological and geomorphological phenomena
Países Nórdicos – Estudo da geodiversidade desses países
Stanley
2001
The link between people, landscapes and culture
Vai mais longe em 2002 ao afirmar que biodiversity faz parte da geodiversity.
Gray
2004
Geodiversity: valuing and conserving abiotic nature
Estudo – Depart. Geografia da Universidade de Londres. 1º livro dedicado a esta temática.
Brilha
2004
2005
A Geologia, os Geólogos
Património e Conservação
Comunicação e sociedade
Conservação da Natureza






















Referências:

Brilha J. (2005) – Património Geológico e Geoconservação – A Conservação da Natureza e Sua Vertente Geológica
Brilha J. (2004) – A Geologia, os Geólogos e o Manto da Invisibilidade. Comunicação e Sociedade, nº 6.
Gray M. (2004) – Geodiversity: valuing and conserving abiotic nature. Jonh Wiley and Sons, Chicester, England.

Armando Santinhos    nº1102695

terça-feira, 17 de abril de 2012


AMEAÇAS À BIODIVERSIDADE


                                                http://www.youtube.com/watch?v=qx81nQ12w_A&feature=related




"Parar a perda de biodiversidade é uma absoluta prioridade para a UE e um objetivo essencial para a Humanidade".Stavros Dimas, Comissário Europeu do Ambiente.

Com pequenas alterações ao modelo de sociedade atual, seria possível ultrapassar os problemas ambientais atuais, uns acreditando que o “capitalismo de mercado” está em condições de regular tudo e outros defendendo que com uma limitada intervenção estatal tudo entraria nos eixos.
Hoje, a nível mundial, assiste-se à crescente extinção de espécies da fauna e flora, o que se traduz numa perda incalculável de património genético e à delapidação de recursos geológicos do planeta.
Para as taxas alarmantes de degradação de habitats e de extinção de espécies, identificam-se entre outras, as seguintes ameaças à biodiversidade:
Mudanças na utilização dos solos, que fragmentam, degradam e destroem os habitats. Esta mudança de afetação deve-se, principalmente, ao crescimento demográfico e ao aumento do consumo por habitante, dois fatores que irão intensificar-se no futuro e gerar maiores pressões, trazendo consigo a referida sobre-exploração e o efeito nefasto da carga de nutrientes nos solos, ao nível dos azotados, fósforo, enxofre e outros nutrientes associados.
                                                                                                                                         
                                                                                                                         Google images                                                                                                                          
Alterações climática antropogénicas que destroem certos habitats e organismos, a deflorestação, perturbam os ciclos de reprodução, obrigam os organismos móveis a deslocar-se, aumentando a frequência dos surtos de pragas e doenças, suscitam o aumento de incidência de enchentes e secas, o aumento adicional do nível do mar, afetando negativamente o fornecimento de água potável, serviço de energia e alimentos, entre outros. Outras pressões importantes são a sobre-exploração dos recursos biológicos; a difusão de espécies alóctones invasivas; a poluição do ambiente natural e dos habitats; a mundialização, que aumenta a pressão devida ao comércio, e a má governação (incapacidade de reconhecer o valor económico do capital natural e dos serviços do ecossistema).
Em resumo as causas que detêm uma quota parte importante em termos de ameaça para os ecossistemas, situam-se no campo demográfico, económico, sociopolítico, cultural , religioso, científico e tecnológico.                                                                     

Embora plural no que diz respeito à forma de pensar e viver o ecologismo, considera-se que não se pode separar os ecossistemas naturais da vida do homem na sociedade, não esquecendo que a crise ecológica global não atinge de igual modo as pessoas no mundo.
É o modelo atual de produção e consumo o responsável pela violação dos direitos humanos e ambientais da maior parte da humanidade, sendo também responsável pelo sofrimento infligido aos animais.
É urgente uma nova relação do homem com o ambiente, assegurando que todos os recursos estejam equitativamente repartidos entre todas as pessoas, tanto as do Norte como as do Sul, não esquecendo as gerações vindouras.
Um mundo mais justo, pacífico e ecológico só será possível através do contributo de todos e não apenas das opiniões dos técnicos ou especialistas.
                    Google images

O capitalismo, seja ele liberal ou de estado é o responsável pela crise global que afeta todos os habitantes do Planeta. A política e a economia deverão sofrer alterações profundas, contemplando o desenvolvimento humano e a satisfação equitativa das necessidades, ultrapassando a sua obsessão pelo crescimento ilimitado, sendo fundamental o respeito do homem para com a natureza.
A aposta numa agricultura sustentável, orientada para a proteção da biodiversidade e do direito dos povos à soberania sobre o seu património genético comum, considerando que a aposta deverá ser na soberania alimentar e na agricultura biológica, opondo-se ao cultivo e uso na alimentação de Organismos Geneticamente Modificados.
A única energia limpa é a que não é consumida. Há que defender um modelo energético alternativo ao atual, com produção descentralizada e baseado na poupança e eficiência energética e nas energias renováveis.
A terra é de todos os seus habitantes, daí que devamos ser solidários com todos os povos do mundo, defendendo o seu direito à autodeterminação, o respeito às suas culturas autóctones e seus modos de vida.

Vejamos o quadro resumo abaixo, sobre as causas e os efeitos que se identificam na relação entre a política derivada da presença de Portugal na União Europeia, no contexto não apenas político, como económico, sócio económico, intensificação da emigração, aumento do consumo dos recursos e, naturalmente, a repercussão e o custo da degradação ambiental e dos ecossistemas à escala, ou tendo como métrica, o estudo português.
  

  
                                                       Millenium  Ecosystem  Assessment


Referências:   

Millenium  Ecosystem  Assessment (2005) “Causes of Biodiversitychange” – Material de estudo fornecido pela docente
Millenium  Ecosystem  Assessment (2005) “What are the current trends and drivers of biodoversity change and their trends”



Armando Santinhos - 1102695