quinta-feira, 22 de março de 2012

BIODIVERSIDADE,  GEODIVERSIDADE E CONSERVAÇÃO - 1ª Actividade 

Todos os anos, por esta altura, é feita a abertura da Lagoa ao mar, num espetáculo único, em que se rompe o cordão dunar que a separa do Oceano Atlântico. Foi o que se verificou, na presença de cerca de um milhar de pessoas , que quiseram testemunhar este momento de rara beleza que ocorre numa fase do ano que coincide com os períodos de reprodução de inúmeras espécies piscícolas. Uma ação necessária para assegurar a continuidade do habitat do maior sistema lagunar da Costa Alentejana.
Sendo historicamente referenciada desde tempos remotos, primeiro como porto natural com barra aberta e posteriormente como lagoa, após a formação do cordão dunar que a separa do Oceano Atlântico a lagoa de Santo André é Alimentada por seis ribeiras.
Constituída por uma bacia central com uma superfície de cerca de 150 ha, pode atingir os 350 ha no inverno. Em meados do século XVIII os terrenos desocupados de água com a abertura da lagoa ao mar, eram aproveitados para várias culturas tais como trigo, feijão e linho. Hoje a ligação com o mar é temporária e permite a limpeza dos sedimentos, renovação da sua de massa de água e a entrada de espécies piscícolas oriundas do Oceano.
(Publicação CMSantiago do Cacém)

(Publicação CMSantiago do Cacém)
Não poderia deixar de passar em branco a oportunidade que me foi conferida na execução deste blogger (ainda a dar os primeiros passos, contudo cheio de boas intenções ) para vos levar o paradigma do que em meu entender representa a vida e sua correlação diversa, num local onde em 1972, aquando dos primeiros estudos sobre a futura plataforma industrial de Sines, se augurou estar em presença de um dos locais onde se registava o mais interessante equilíbrio ecológico, a Lagoa de Santo-André, minha terra

A natureza não faz nada em vão.
Aristóteles 


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 O QUE É A BIODIVERSIDADE ?
Num primeiro momento pode-se entender equivocadamente biodiversidade como riqueza de espécies ou abundância, uma vez que é bastante difundido assim em livros didáticos, jornais e revistas. Quando na verdade riqueza trata do número absoluto de espécies, enquanto abundância designa o número de indivíduos em cada conjunto de espécies; já diversidade fala de diferença, multiplicidade de coisas distintas, variadas. São conceitos distintos. Mas também restringir o conceito de biodiversidade à diversidade de espécies é muito vago...
Definições que vão de acordo com uma série de outros estudiosos que dizem ser imprescindível considerar não somente a diversidade de espécies, assim como a diversidade genética, de ecossistemas e dos próprios organismos num nível abaixo ao de espécie. Sendo assim, neste ”post” defino biodiversidade como a variação da vida em todos os níveis de organização biológica, até porque, em verdade, pese o atrevimento anterior da conceptualidade, temos que:
Não obstante a diversidade de propostas que visam reduzir o conceito de biodiversidade  a um espaço bidimensional, mensurável, de abcissas e ordenadas, afigura-se pouco provável que algum dia alguma medida venha a merecer o consenso (Norton,1994).../...  ou de uma forma agora desafiante,a"totalidade dos genes, espécies e ecossistemas de uma região". 
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...Sem esquecer que:
Biodiversidade e ecossistemas estão estreitamente relacionados, sendo que o conceito de ecossistema alude um enquadramento ao nível da atuação nas conexões entre pessoas e o meio ambiente. Um ecossistema é um processo dinâmico de comunidades de plantas, animais e microrganismos e do meio ambiente não vivo interagindo como um todo, ou uma unidade funcional. O homem é parte integrante deste sistema. 
Por isso, a “abordagem ao nível do ecossistema” tem sido defendida pela Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB), e a estrutura conceptual da AM é totalmente consistente com essa abordagem, afirmando que esta reconhece que as pessoas, com suas diversidades culturais, representam uma componente integrante de muitos ecossistemas.

Referência:

Araújo, M.B. (1998) – Dados e reflexões, em artigo de revisão de trabalho de investigação. Centro de Ecologia Aplicada, Universidade de Évora. Évora.

FALASCHI, Rafaela Lopes, et al. Simeão Moralis, Pedro Da Po, (2010) - O que é Biodiversidade afinal, disponível na http://cienciae.blogspot.pt, consultado em 2012-03-16
Millennium Ecosystem Assessment 2005, Ecosystems and Human Well-being: Biodiversity Synthesis. World Resources Institute, Washington, DC.








1 comentário:

  1. Armando, obrigada pela belíssima explanação do que entende por Biodiversidade bem como do vídeo que postou sobre a abertura da Lagoa de Santo André, ao mar.
    Para quem não conhece, nesta área existem duas zonas protegidas que albergam várias espécies de grande diversidade biológica e importância ecológica. São elas o PARQUE NATURAL DO SODUESTE ALENTEJANO E COSTA VICENTINA e a RESERVA NATURAL DAS LAGOAS DE SANTO ANDRÉ E DA SANCHA, respetivamente.

    No que refere ao PARQUE NATURAL DO SODUESTE ALENTEJANO E COSTA VICENTINA, é constituído por uma grande diversidade de plantas (muitas delas raras), bem como por uma riquíssima zona marinha também protegida. Entre as diversas espécies de aves que se podem encontrar nesta zona, destacam-se: águia-pesqueira (Pandion Haliaetus), corvo-marinho (Phalocrocorax spp.), pombo-da-rocha, cegonha-branca (Ciconia ciconia), garça (Egretta garzetta) ou falcão-peregrino (Falco peregrinus). Este é o único local do mundo onde as cegonhas brancas realizam os seus ninhos nos rochedos litorais.

    No que concerne à RESERVA NATURAL DAS LAGOAS DE SANTO ANDRÉ E DA SANCHA, esta conta com uma grande variedade de aves aquáticas (incluindo uma colónia de garça-vermelha e a principal concentração de Pato-de-bico-vermelho) e passeriformes como o Rouxinol-pequeno-dos-caniços, bem como inúmeras espécies de aves migradoras. Trata-se de uma área marinha rica em peixes como o Linguado, lagoas com Enguias e Pardelhas (espécie ameaçada), dunas com vegetação caraterística mas bem conservada, caniçais, juncais e plantas endémicas.

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